imortais caminham a terra.
vagueiam mais ou menos à deriva de um vento que não existe. poucos alguma vez se apercebem do que são.sentem as coisas e respeitam o que existe. podem não saber porque ou sequer reparar que o fazem mas sentem que uma pedra ou uma cadeira existe. não vêm que existe, não ouvem ou cheiram nem sequer sentem com as mãos, todos os sentidos um, nasce o respeito pelo que é. restos de uma sabedoria tão antiga quanto comunicar. esta necessidade intrinseca e necessaria à vida partilhada tanto por peixe como humano ou simples célula. algures no caminho perde-se a clareza da partilha e de quem a queria fazer, dá-se algo e espera-se, nasce o interesse.como um bebé que nada sem nunca o ter aprendido vamos crescendo e esquecemo-nos de como se nada. alguns nunca voltam a aprender enquanto outros se esquecem de esquecer e continuam a nadar. da mesma maneira alguns mais esquecidos não se lembram de dar e acham agradecimentos estranhas coisas. Seguem tocando outros criando por vezes incompreensão e medo. um toque ou um olhar pode bastar para que nunca mais sejamos o mesmo, como é tal coisa possível? não recebi nada e ainda assim algo esta diferente. Como uma flor ao sol precisamos da luz uns dos outros, do calor uns dos outros. sem que nos apercebamos tentamos economizar com medo que se acabe algo que não tem inicio. livre deste medo o imortal partilha e renova deixando dentro de outros bocados de si. pequenas fagulhas para outros fogos.
como um dente leão que vagueia ao sabor de um vento que não existe, deixa para traz novas sementes que talvez nunca veja germinar e um dia voltará à terra de onde veio, assim como as suas sementes. apesar do pé se decompor as sementes irão germinar cada uma diferente da outra, cada uma nova interpretação de vida.