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revi o "henry&
june" aos bocados.
intermitentemente num misto de saborear e de
difícil de engolir.
lembrava-me de muito pouco, mas à medida que o filme ia passando ia-me relembrando e lembrando do que senti à tantos anos
atrás quando o vi pela primeira vez. as partes que mais me tinham marcado e as que nem por isso e por isso mesmo agora me tomaram de surpresa. ai ai a
maria de
medeiros... perto dela a uma
thurman parece tão vulgar.
uma coisa que não me lembrava era do ar teatral que se respira durante o filme, como se conseguisse cheirar a madeira velha de um teatro qualquer. outra coisa que não me lembrava era da
inocência, se calhar candura é melhor, que nos embala e rodeia lentamente como um nevoeiro que não se
vê chegar. por isso mesmo as partes mais tensas, violentas, são verdadeiramente angustiantes pelo contraste com tudo o resto.
deu-me vontade de escrever...
um dos
pormenores que não me lembrava e me
surpreendeu é que ela só publicou certas coisas depois do marido morrer. respeito é muito bonito e eu gosto,
já dizia a minha mãe. um toque de classe extra.
para acabar apetece-me ir ao inicio. o titulo. aqui esta outro toque de classe extra. algo que parece
óbvio, mas que nas
mãos erradas podia muito bem ter sido "anais" ou assim qualquer coisa. digo isto porque o filme é realmente sobre ela e no fundo ela é a
única real pessoa do filme com os outros sempre em segundo plano. a evolução, o crescer é todo dela enquanto os outros são mais pedras de diferentes tamanhos e feitios. e apesar de alguns serem deslocados pelo vento acabam o filme sendo a mesma pedra do inicio com uma face diferente virada para cima.
já a
maria de
medeiros faz-me mais lembrar as sementes de um dente de leão que com esse mesmo vento se liberta da planta e vai percorrer novos caminhos.
bem já
tou a ficar meloso...aquele vestido de renda...já me tinha esquecido porque é que lhe achava tanta piada.
maria de
medeiros