terça-feira, 17 de março de 2009

gran torino - puta que pariu o caralho do velho


chego ao cinema e peço um bilhete. praí na terceira fila. de trás? não da frente. pago, vejo que é na sala 6. a porta já está fechada, não me digas que já começou?... não, ainda não. fila G não é a terceira, nem pouco mais ou menos, alias na terceira já está um casalinho. pronto, lá vou ter que ir para a primeira. olhando para trás ainda bem que assim foi.


sai do filme com aquele sorriso estúpido que muito poucos filmes me conseguem incutir. os pelos ainda meio arrepiados e os músculos ainda a descomprimir. fiquei lá dentro um bom bocado a ouvir a musica e ver passar as letras.


sempre gostei de coisas simples, herança dos pais e pensando nisso talvez o que os une. engraçado que o meu irmão também partilha da mesma herança. este filme é duma simplicidade extrema. vejo muita gente a sentir que este filme não é nada de mais, um simples repetir e reciclar de muitas outras coisas que o caralho do velho já fez antes e seguramente fará de novo antes de quinar. eu, pela parte que me toca, não o vejo assim, vejo-o antes como um condensar de tudo o que o cabrãozito fez até hoje e tristemente como uma despedida ou um ponto final. acredito, cheio de esperança que esteja enganado, que este foi o seu ultimo filme como actor principal. para além disso sinto que tenha sido preciso o filha da puta viver 79 anos para conseguir dizer tanto duma forma tão simples, duma forma tão sem merdas. a vida, o ciclo da vida, o sentido da vida ou o que caralho lhe quiserem chamar em pouco mais do que 10 minutos, claro que isto foi só a sensação com que sai do cinema.


fiquei a ver o fascizoide do americano como uma ostra. "sometimes i feel like a kanguru" lol, como disse aquele grande filosofo.

olha-se e vê-se um exterior rugoso e enrugado. uma casca endurecida pelo passar do tempo e moldado por forças tão agrestes como a areia do fundo do mar e tão suaves como a agua. a determinada altura algo tão pequeno como um grão de areia dá origem a algo que pode demorar uma vida inteira a digerir, a ganhar forma. e ás vezes, mas só às vezes, essa digestão dá origem a uma real pérola. algo tão simples e belo como uma merda duma bolinha branca.

1 comentário:

oitooitenta disse...

ADOREI O FILME!

já comentavas o meu post!! :P

http://8ou80-oitooitenta.blogspot.com/search?q=torino

que achas da música? :) a voz é dele? (no fim do filme)