segunda-feira, 24 de março de 2008

there will be blood


humm....
tenho as mãos presas, contraídas de mais, como se o sangue não conseguisse percorrelas como devia.
a respiração é presa e a cada expiração ouço um rugido abafado que o ar provoca ao conseguir escapar.
já sentiram o ódio? não o ódio por esta ou aquela pessoa que fez isto ou aquilo e que passa com um afagar de cabelo ou uma noite bem dormida. este sentimento é tão difícil de descrever como o amor, a diferença é que sobre o amor já muita gente tentou ... e falhou. sobre o ódio nem por isso mas de vez em quando lá aparece alguém que o faz. a maior parte das vezes corre mal. é difícil fazer algo bem feito, tanto apaixonado como quando se odeia verdadeiramente. o mais comum é sair uma canção pop ou uma treta qq tipo gore.
mas de vez em quando, muito de vez em quando, alguém consegue destilar uma ínfima parte desta gosma. é um veneno preto e viscoso que lentamente toma o lugar do sangue. primeiro é o cérebro que é afectado, fica focado e alerta como um animal selvagem encurralado, os membros enrigessem, tensos pelo constante estado de alerta... no fim respirar tornasse difícil e por fim pudesse perder a fala, distorcida por uma garganta que não quer deixar o ar escapar.
assim nasce a besta.
a besta vive e morre como qq outra pessoa mas normalmente pelo meio há sangue...

sexta-feira, 21 de março de 2008

a armadura e o rebuçado

ontem emprestaram-me uma armadura. era um pouco estranha para armadura, não era de metal reluzente como nas estorias ... era feita de lã, fofa e quente. ficava-me um bocadinho pequena e não apertava bem mas protegeu-me durante a noite toda
para retribuir a gentileza guardei o meu ultimo rebuçado no bolso para quando a tivesse que devolver.
um rebuçado fica sempre bem.
quando devolvi a armadura tirei o rebuçado do bolso e pude ver que um rebuçado fica mesmo sempre bem...
por estar no bolso à tanto tempo tinha ficado um pouco derretido. comeste o rebuçado e eu lambi o papel, era docinho...

quarta-feira, 19 de março de 2008

fofo


apetece-me matar focas bebé com um taco de baseball
arrancar-lhes o coração e comelo cru enquanto ainda fumega
quente contra o mundo exterior
lamber o sangue dos dedos um por um de va gar

segunda-feira, 17 de março de 2008

segunda-feira

hoje é segunda feira, semana de ferias da pascoa.
teoricamente nada para fazer durante uma semana... na pratica até há bastante a fazer mas nada do que pensava que estaria a fazer à um mês atrás.
um mês atrás contava os dias para aqui chegar, contava passar a semana a passear, a cozinhar, a adormecer, a ver dormir, a acordar, talvez até a levar pequenos almoços à cama mas acima de tudo a fazer outras coisas que não precisam de ser nomeadas.
agora tudo mudou mas parece que essa expectativa que se gerou dentro de mim não foi avisada. continua lá sem saber porque razão não foi satisfeita. o resto do corpo sabe e lhe disse varias vezes mas a expectativa não tem ouvidos coitadita. nasceu assim. e assim vive dentro de mim esta segunda feira um animalzinho irrequieto que não sabe porque está irrequieto.
o resto do corpo desistiu de avisar a expectativa e assim ela vive isolada do resto da população como uma ermita numa caverna longe da vista da aldeia. na aldeia ainda subsiste um ligeiro desconforto pela partida de um dos seus habitantes, ninguém quer dizer o seu nome, conversas de ocasião são trocadas com ligeira apreensão não vá alguém tocar no assunto desconfortável. mas à medida que o tempo vai passando, que a semana vai avançando tudo vai voltando ao normal e em breve ninguém se vai lembrar que a expectativa algum dia morou ali.

terça-feira, 4 de março de 2008

eternal sunshine of the spotless mind (09/11/06)


nada melhor do que falar do melhor filme de sempre, de todos os tempos, do mundo e quem sabe até da europa.

ok é isto tudo mas só para mim, é sem duvida o filme que mais gostei de sempre. não não vou falar do funny games, se calhar é a seguir. estou a falar do 'eternal sunshine of the spotless mind'. nunca num só filme ri e chorei tanto. nem nunca ri a chorar e chorei a rir com tanto gosto.
tenho que dizer que este filme é um bocado estúpido. faz-me lembrar os livros do saramago. partilham o mesmo tipo de receita culinária. pega-se em algo de absolutamente fantástico, como a península ibérica separar-se da europa ou ir ao medico para apagar a lembrança dolorosa do cãozinho querido que morreu, dilui-se na banalidade da vida do dia-a-dia e junta-se o gajo e a gaja. e chega-se ao fim com uma historia de amor. como disse o outro, neste mundo só há dois tipos de historia que vale a pena contar, a de amor e a de guerra. eu concordo.
este é então um simples filme de amor , ou melhor de Amor. (não sei bem qual é a diferença, mas como disse recentemente numa carta, é a única palavra que me interessa escrever com letra maiúscula)
então é assim, imaginem que acabaram de acabar com o amor da vossa vida, a dor está a deixar-vos loucos e existe desde há uns anitos um procedimento medico que vos permite apagar selectiva e completamente da memoria memorias. iriam querer faze-lo??? pensem bem....... eu espero um bocadinho. para quem diz que não, e se a outra pessoa se antecipar e vos apagar a vocês da sua memoria?? cabrão/puta de merda!!! ainda não ?? anjinhos...
era para escrever muito mais mas sinceramente o filme é magico demais para analisar e esquartejar como uma rã presa com alfinetes. digo apenas que o gajo e a gaja estão perfeitos, sim é o jim carrey e está perfeito. ela tb. e os secundários apenas o são pela historia e não pelo talento.
digo apenas que o ambiente geral do filme é o da vida cotidiana, apesar de grande parte do filme se passar na cabeça dele, muito humano e realista, não há heróis nem vilões. não há grandes explosões nem acontecimentos globais nem twistes assassinos de tudo o que se passou antes, apesar de ter um ou outro menor apenas para apimentar um bocadinho.
um filme cheio de pormenores deliciosos para saborear do inicio ao fim, para quem quiser ou puder abrir os olhos e deixar-se ir, como a vida que é o contrario da morte como disse a outra. não foi bem assim mas......QUERO A MINHA GAJA!!!!!

no country for old men (02/03/08)


já à uns tempos que não batia assim...

o melhor dos cohen e mai nada...

são 19:36, o filme acabou por volta das 18:10. vi no UCI e depois vim a conduzir para aveiro. ainda não me apetece falar. se não tivesse dedinhos para escrever isto... não escrevia.
acho que muita gente vai achar grande seca, assim como acharam o fargo. imagino que deve existir alguém no mundo que viu o fargo e jurou pa nunca mais... depois viu a amostra deste e ficou bué curioso com o javier barden, aquela botija de ar comprimido e o caralho da cena da moeda. aposto que essa pessoa ou saiu a meio se foi sozinha ou saiu cheio de vontade de reclamar pelo dinheiro deitado fora fora do cinema onde pode finalmente fumar um cigarro.
ok, dizer que este é melhor que o fargo é um bocado inconsequente, é mais crescidinho. mais maduro. há menos exageros. o javierzito é mesmo muito mauzão mas o policia não tá gravido e o mauzão no fim não é apanhado a fazer salsichas humanas num cenário de neve... ai que saudades... se calhar o fargo é que é melhor...
digamos que gosto mais deste pq acho que neste os cohen tiveram tomates para dizer exactamente o que queriam dizer enquanto no fargo ...
poema vs prosa, nenhum é melhor mas eu gosto mais de prosa

amor primitivo

consigo imaginar o homem primitivo a dizer ' vou chamar a isto pedra, assim pq é duro e tal taz a ber ' . se calhar não foi bem assim mas qq coisa do género.
mas ' vou chamar a isto Amor ' não sei pq não consigo. ainda por cima nem sequer existiam letras maiúsculas....

suponho que tenha começado com a linguagem gestual.... aquele gesto de dou-te o meu coração. pq quando se esta apaixonado o coração bate mais rápido. e dai também se fica com aquele frio no estômago como quem vai ter um ataque de qq coisa sem piada nenhuma. talvez aquele símbolo de dou-te o estômago pq o meu nem sequer esta a funcionar lá muito bem.....isto tb não soa lá muito bem. e de romântico não tem nada.

de qq maneira gostava de agradecer aqui publicamente a esse primeiro 'ser' que nomeou uma coisa que nem sequer existe fisicamente, mas que ainda assim vive algures entre o coração e o estômago, o Amor. a maior descoberta da humanidade sem duvida. e como é que ele decidiu o que lhe chamar????? isto é tudo muito estranho .... ou se calhar é só estúpido

7 minutos

é o que falta.... tou cheio de sono.... mesmo.
queres vir dormir comigo?
aposto que se viesses começava logo a chover e tudo, só para tornar o ambiente mais acolhedor.
assim como quem baixa as luzes.... ou as apaga e acende umas velas.....
calor humano.
toque.
cheiro.
carinho... acordar com o braço dormente ....

segunda-feira, 3 de março de 2008

a ilusão da palavra certa

é certo que uma cadeira não pode ser chamada de bola senão ninguém se percebe.
mas há que ter em conta que uma cadeira é algo de material. existe, foi criada e nomeada.
do outro lado da moeda existem as ideias ou conceitos que tb foram nomeados e existem mas não no plano físico.
para além disto uma cadeira não é passível de intrepretação apesar de se poderem fazer cadeiras muito esquisitas e até, parecidas com bolas.
a palavra cadeira ou bola foi inventada aquando da criação da cadeira primodal, nasceu do nascimento do seu eu físico.
o problema aparece quando a maior parte dos conceitos ou ideias não inventam palavras para se nomear, mas se apropriam de palavras já existentes. um conceito como minimalismo ou renascentismo apropria-se da palavra mínimo ou renascimento e aplica-lhe um contexto subjectivo com regras objectivas. isto é falível ,em termos conversassionais(será que a palavra existe?...),pq pressupõe um grau de conhecimento similar entre interlocutores. daqui pode nascer a discórdia mal baseada, isto é, criada pela errónea utilização de palavras e não por ideias antagónicas.
muito antes do minimalismo ou renascentismo terem sido nomeados/criados já há muito que a humanidade usava as palavras mínimo ou renascimento para adjectivar pessoas, objectos ou ocorrências.
esta maneira de nomear conceitos ou ideias apesar de bem intencionada, pois pretende criar uma fácil identificação do conceito, acaba por restringir o uso das palavras em determinados contextos.
por exemplo, uma cadeira em forma de ovo, para alguém que conheça historia de arte não pode ser adjectivada como minimalistas enquanto que para todas as outras pessoas poderá ou não fazer todo o sentido.
isto é um claro exemplo do conhecimento a limitar a sabedoria. convém manter um mente aberta especialmente quando se tem noção que se percebe mais de determinado assunto que a maior parte das pessoas. é preciso estar com mais atenção ao que a pessoa diz do que ás palavras que usa. o que muitas vezes não é fácil.
não existe razão para se discordar de chamar cadeira a uma cadeira já que a palavra foi inventada pelo criador.
por outro lado quando se nomeiam coisas usando palavras já existentes há que ter consciência que podem existir pessoas que discordem de tal nomeação, que a julguem insatisfatória ou que simplesmente não conheçam tal convenção e que até poderiam utilizar tal denominação para algo totalmente distinto. quanto mais generalista a palavra mais fácil é que tais confusões venham à tona.

mais uma queda mais uma aventura (05/11/05)

fodi o lábio. o medo de nunca mais dar um beijo invade-me. estúpido. negativo. insegurança.
deixar de fumar. estudar.
resoluções de ano novo para mais um ano como os outros. fazem-se coisas diferentes, sente-se o mesmo. amor ódio dor prazer medo felicidade. baralha-se, volta-se a dar.
a queda, como sempre é em câmara lenta, quase bela vista de dentro.
a vontade escoa-se e sente-se o vazio, sente-se parte de tudo. ler a bíblia. rio-me incapaz de esboçar o mais leve sorriso.
ao menos esta a chover.

vaidade

que tudo é uma farsa é verdade (digo eu), mas tem uma limitação. apenas o q existe é abrangido por tal verdade. tudo o que não existe merece pelo menos o beneficio da duvida.
exemplos disto são coisas como liberdade, amor ou deus. coisas inventadas pela vontade do Homem.
o q leva a dizer que a única coisa que interessa á a vontade do Homem. ou que pelo menos pode não ser uma farsa, e existe.
a excepção à regra.

sábado, 1 de março de 2008

primeira treta (algures no inicio dos 90's)

o amor é a essência da vida, mas mata
o ódio é a essência da morte, mas mantém-nos vivos